terça-feira, 4 de novembro de 2008

S.João de Tarouca





«Não sei se respondo ou se pergunto.
Sou uma voz que nasceu na penumbra do vazio.

Estou um pouco ébria e estou crescendo numa pedra.
Não tenho a sabedoria do mel ou a do vinho.
De súbito, ergo-me como uma torre de sombra fulgurante.
A minha tristeza é a da sede e a da chama.
Com esta pequena centelha quero incendiar o silêncio.
O que eu amo não sei. Amo. Amo em total abandono.
Sinto a minha boca dentro das árvores e de uma oculta nascente.
Indecisa e ardente, algo ainda não é flor em mim.
Não estou perdida, estou entre o vento e o olvido.
Quero conhecer a minha nudez e ser o azul da presença.
Não sou a destruição cega nem a esperança impossível.
Sou alguém que espera ser aberto por uma palavra.»

António Ramos Rosa “Uma voz na Pedra”

Um comentário:

Anônimo disse...

O sítio ideal para ver as suas fotografias,
tão magníficas como a paisagem
Há ler e ler
Há ver e ver
Há permanecer e permanecer
e eu continuo fascinada...
titidelfas